Mato alto e falta de cuidados no entorno dos túmulos foram denunciados por famílias de pessoas que estão enterradas no Cemitério Parque das Flores, administrado pela prefeitura do Recife.
Parentes denunciaram a falta de cuidados do poder público na área dedicada a enterros de pessoas que morreram por Covid-19 no Cemitério Parque das Flores, em Tejipió, na Zona Oeste do Recife. Em alguns locais, não é possível saber onde estão os túmulos. "Nem com bicho deveria ser assim", declarou Maria José Diniz, que perdeu o marido em 2020
Administrado pela prefeitura do Recife, o Parque das Flores é um dos locais público para enterros de pessoas que morreram com o novo coronavírus na cidade. Por causa da Covid, covas foram abertas na parte de trás.
Vídeos enviados para o WhatsApp da TV Globo mostram a situação de mato alto. Para piorar a revolta dos parentes de vítimas da Covid, área é bem diferente da parte da frente do cemitério, onde a manutenção está em dia. Mesmo do lado de fora do Parque das Flores, é possível perceber a organização.
Para a viúva Maria José, que é aposentada, a situação é prova da falta de ação da prefeitura e da administração do cemitério. "É um descaso total", declarou.
Matagal toma conta de área de cemitério público do recife onde são enterradas vítimas da Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Globo
Diante do problema, Cybelle Diniz, filha de Maria José, gravou um desabafo em vídeo. Ela se queixou da situação encontrada no cemitério e conta que foi com a família visitar o túmulo do pai, Milton de Souza, vítima da Covid.
“Essa é a situação do local, totalmente inacessível. É um descaso. O básico, que é uma capinação, não existe”, afirmou.
Cybelle relatou que o túmulo do pai estava inacessível e fez um apelo para as autoridades. Ela pediu, ainda, que outras famílias também denunciem o problema.
“É inadmissível que, nem depois da morte, essas milhares de pessoas que estão aqui não tenham um pouco de dignidade no seu descanso. Pelo menos, um local acessível para as famílias virem visitar o túmulo de seus entes queridos”, declarou.
Na parte da frente do Parque das Flores, no Recife, existe organização, o que contrasta com a área para vítimas da Covid — Foto: Reprodução/TV Globo
“A gente faz a manutenção, tem grama, pedra e identificação. Mas acredito que 98% dessas milhares de pessoas que estão aqui não têm nenhuma identificação. É um cenário realmente deprimente”, declarou Cybelle.
Em outro vídeo, um homem diz que gravou as imagens por volta das 8h30 de quinta-feira (6). Ele se mostra indignado com a situação: “De um lado tem mato, do outro está limpo. Tem família que paga por isso”, afirmou.
Vendedora de flores na frente do cemitério, Lourdes também faz limpeza em túmulos. Ao ser contratada por uma família para o serviço, teve que pedir ajuda para localizar a cova.
"A gente tem medo de cobra e outro bicho aqui. Tive que mandar uma foto para mostrar para a família como estava a situação", declarou.
Resposta
Por meio de nota, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) informou que, desde o início da pandemia, "não desamparou qualquer munícipe do Recife que tenha sido vítima da doença".
Ainda segundo a Emlurb, a prefeitura preparou três dos seus cemitérios para receber este tipo de sepultamento, "com respeito às normas sanitárias que o momento exige".
No total, a Emlurb informou que providenciou a abertura de 6.284 covas e gavetas para receber este tipo de sepultamentos. Deste total, há 21,21% % de covas e gavetas sem uso, nos cemitérios de Santo Amaro, Tejipió e Parque das Flores.
"Para garantir o devido acolhimento às famílias, o serviço de sepultamento de casos de Covid é restrito aos moradores do Recife, exceto os para quem tem jazigo próprio em qualquer um dos cemitérios públicos da cidade: Santo Amaro, Parque das Flores, Casa Amarela, Tejipió e Várzea", disse a prefeitura.
Pernambuco bateu recorde de casos da Covid-19 confirmados em um dia ao registrar, na quinta-feira (6), mais 3.074 pacientes infectados (veja vídeo acima).
Esta foi a primeira vez, desde o início da pandemia, que o estado contabilizou, em um único dia, mais de 3 mil infectados. O boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES) também apontou 52 mortes de pessoas com a doença.
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